Nós somos as vozes da jornada,
A erecção dos cravos ao som da guitarra, do batuque,
Pela madrugada.
Nós somos as mãos que gritam em mil gestos obscenos,
A desobediência que nos foi imposta
Nós somos o sal da terra,
O hino que ainda soa e atordoa
Incrédulos ouvidos
Trazemos a bandeira em haste
Herança de nossos pais.
Somos os trapezistas, os equilibristas
No precipício do vosso punhal
E se sangramos ainda é porque a máquina do Tempo
Nos não consumiu.
Nós somos o arado, somos a seiva
Somos os Homens da rua, dos apartamentos e das moradias…
Nós somos as vozes da jornada!
Nós somos a infâmia que se derrama na História
E vós sois nada!
Nós somos o pão amassado, partilhado à mesa da “pedra filosofal”,
Caminhamos na coragem rumo ao efémero Poder de vós,
Rosa dos ventos nos pertence
E a memória dos nossos avós rejubilará êxtase
Em qualquer recanto, aldeia ou cidade
Onde nossas mãos se esgueirem
Iluminando a Verdade como archotes.
© Célia Moura
© Célia Moura – A publicar “Terra De Lavra”