Porque Abril foi ontem. Hoje, pisam-se os cravos que foram caindo das lapelas, pelos passos trauteados pelas ruas. Hoje, e porque Abril foi ontem, notam-se os caixotes do lixo, enfeitados dum vermelho opaco, sedento de ter vigor. Hoje, Abril foi ontem, mas num ontem presente, gravado na alma, duma geração dum povo a quem foi castrado o mais puro dos direitos, o direito das Liberdades! Da liberdade de sorrir à liberdade de chorar; da liberdade de gritar à liberdade de ficar em silêncio; da liberdade de escolha; da liberdade de expressão; da liberdade de ser!! E tudo simplesmente porque sim!! A liberdade conquistada, libertou na sua essência a mente e a alma. Pensou a geração, que tinha conquistado uma liberdade para si e que deixaria por herança. Uma herança por demais valiosa, quer pelo seu valor em si, quer por tudo quanto custou a tantos! Mas errou. Não soube passar a herança que tanto custou a conquistar. Quis usar a sua conquista, saborea-la, senti-la na pele! Era a sua conquista! Usou e abusou dela. E alguns, da geração, desgastaram-na! Desvirtuaram-na! E fizeram chegar as gerações futuras, uma herança sem sabor. Algo fútil. Algo de que, os herdeiros nem sequer o preço sabem, quanto mais sentirem o seu valor! Porque Abril, para mim, ainda é Hoje, e será sempre Presente, num cravo vermelho, colocado na lapela da tua alma avô, ...onde quer que estejas, a tua morte também fez Abril! Que para mim é sempre Presente!
Andy