Que não se percam teus braços
Em mim
Pois nós somos a antítese
De tudo que é normal e feliz.
Um de nós é lume
O outro é gelo que só machado quebra
Ou fogo poderá consumir,
E que isso não suceda,
Que nenhum lume queime tua paz,
Teu silêncio, teu morno sorriso…
Se fôssemos lume
E nos devorássemos paixão
Na cativa noite
Ainda que as lágrimas rodopiassem
O bailado dos ausentes,
Talvez a insónia não me visitasse assim,
Sempre tão contente,
Quem sabe ainda pudéssemos
Ser normais e felizes…
Mas tu olhas-me e já não me vês,
A venda que colocaste é opaca
E o meu toque um desconhecido sussurro
Que sentes grito imundo
Nesse teu reino de silêncio,
Então
Que se não percam mais em mim
Os teus olhos,
Digo-te adeus meu amor,
Parto de nós
Como uma mariposa louca.
© Célia Moura
© Célia Moura – A publicar “No hálito de Afrodite”