Consolei-me em tuas
tardes enfeitadas
de sortidos afectos
escorrendo o tempo na ampulheta
onde demarcamos a cronologia
copiosa dos nossos insurrectos desejos
Contentei-me descrente
ante os desafios de começar
ou recomeçar
dividindo esperanças indiferentes
autenticando toda a promessa
que jaz transparente
entre arrojados e delinquentes
versos tão gentis e reincidentes
Apoderei-me
de tuas excepcionais
impossibilidades
e decorei a tristeza
cuidadosamente trancada
na cómoda talhada
nos veios amadurecidos
da mais fiel e insubstituível
manhã de primavera
Acorrentei-me às juras
de amor
submerso em ausadias
inesgotáveis
engalanadas na mudez pura
que se faz mais fecunda
onde até o eco no tempo para
irrigando minh’alma
com singelos açoites
que teu corpo em taquicardia irradia
Transfigurei até o tempo
pra ter tempo
de atingir o profetizado
espaço onde nos digladiamos
invencíveis
inalienáveis
ternamente transcritos
nos epitáfios
de amor indisciplinado
e fatídico
onde enfim instauramos
nossa paz
persistente,inviolável
evocando expresões
aliviadas numa canção
transcrita na exuberância
flébil de um acto reanimado
pela harmonia insolente
que bafeja nossos ventos castos
inocentemente presumíveis
de empatia abrangente
Transportei até ao altar
nossas intuições
reanimadas pela sabedoria
aliciada em cânticos
inesperados
de beleza costurada
nas nossas semelhanças
nunca banalizadas
Quisera eu até
impossibilitar o pecado original
antever novos milénios
de curas sensacionais
impor uma fuga célere
obediente ao destino fraternal
de nossas vidas
sobejando só o heroísmo
imortalizado nas horas furtivas
ocultas no redil do teu
inesgotável altruísmo
FC