MENINO AO RELENTO
Nas costas revoltadas do abismo
Ninguém compreende o meu orfanismo
Mendiguei dias pós noites, por meu umbigo
Poucos entendem por sacos de cimento e trigo
Pois rezo os A B C minha desgraça
Ontem, comi dois meticais, hoje insultos
Os muenhês lembram-se da sua aliança
E dizem: Hoje não! Só Sexta-feira, somos santos
Meus antes queridos
Quero estar ao teu lado
Estar Curado
E em ti abraçado
Concede-me perdão
se algo errado fiz
Sou menino apenas 10 anos, não quis…
sou um brutidão
Também choro
Dizem-me estudar
Lançam-me saliva na rua e me quer airar
Tenho este sonho crucífero
A minha vida não tem jeito
Como estudar dormindo
comendo o relento?
Quando serei consumado?
Vejo trevas além do horizonte
Tenho corcunda de 10 anos 50kg de cimento
Cada rotunda, aumenta meu sofrimento
Ignoro a dor no meu juízo decalvante
continua
Abdul Jaime Asside
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