Prosas Poéticas : 

Voltar a casa

 
Voltar a casa
 
E se perdêssemos brevemente

a noção das horas

onde nos unimos heróicos

confundindo nossas

travessuras embutidas

em actos míticos

de amor desatinado

frenético, isotérico

desfraldado em tempo

solitariamente paranóico


E se nós emprestássemos

ao mundo nosso oásis

recôndito

onde demos de beber

a todo empírico lamento

esquecido

excêntrico

desertificado

repartido em goles sequiosos

pela aprendizagem recíproca

entre carinhos

possessivos, em carne viva

sem anestesia

onde

passa o mesmo filme

em fragmentos colhidos

pelos abraços em tanta euforia

sem desculpas dissipadas

ou regeneradas

num dia eterno que se abraça

em sinfonias enamoradas


Quando voltar a casa

cultivo todas as palavras

decretando aos ventos tuas

insígnias coloridas

em reverberantes

e apaixonados cantos do verbo amar

onde pernoitam em luares

mágicos teu tépido e enamorado

olhar

traçado na hegemonia

de tanta lusofonia

onde te prometo assim partilhar

minha mestiçagem

em quantas marés celebradas

no tempo cativo

cantando no regresso

depois de exilar minha

errante vadiagem


Vou voltar a casa

e jamais deixá-la solitária

jamais deixar

escapulir nossos gestos

personificados em belas lições

velejadas em cada compasso

do mesmo silêncio

em cada maré trazendo

mais bonança em cada prelúdio

dos meus vícios

tentadoramente tragados

onde faço estadia

dos meus desalentos


Regresso em pronúncios embriagados

de consentimento

onde o crer me deixa até

saborear famintos espasmos

de saudade apressadamente

redimida

devagarinho encorajada

até cair meu corpo exonerado

ou a morte de vez pra sempre

se despedindo sem teimosia

da vida agora ovacionada

FC

 
Autor
Frederico
 
Texto
Data
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