E se perdêssemos brevemente
a noção das horas
onde nos unimos heróicos
confundindo nossas
travessuras embutidas
em actos míticos
de amor desatinado
frenético, isotérico
desfraldado em tempo
solitariamente paranóico
E se nós emprestássemos
ao mundo nosso oásis
recôndito
onde demos de beber
a todo empírico lamento
esquecido
excêntrico
desertificado
repartido em goles sequiosos
pela aprendizagem recíproca
entre carinhos
possessivos, em carne viva
sem anestesia
onde
passa o mesmo filme
em fragmentos colhidos
pelos abraços em tanta euforia
sem desculpas dissipadas
ou regeneradas
num dia eterno que se abraça
em sinfonias enamoradas
Quando voltar a casa
cultivo todas as palavras
decretando aos ventos tuas
insígnias coloridas
em reverberantes
e apaixonados cantos do verbo amar
onde pernoitam em luares
mágicos teu tépido e enamorado
olhar
traçado na hegemonia
de tanta lusofonia
onde te prometo assim partilhar
minha mestiçagem
em quantas marés celebradas
no tempo cativo
cantando no regresso
depois de exilar minha
errante vadiagem
Vou voltar a casa
e jamais deixá-la solitária
jamais deixar
escapulir nossos gestos
personificados em belas lições
velejadas em cada compasso
do mesmo silêncio
em cada maré trazendo
mais bonança em cada prelúdio
dos meus vícios
tentadoramente tragados
onde faço estadia
dos meus desalentos
Regresso em pronúncios embriagados
de consentimento
onde o crer me deixa até
saborear famintos espasmos
de saudade apressadamente
redimida
devagarinho encorajada
até cair meu corpo exonerado
ou a morte de vez pra sempre
se despedindo sem teimosia
da vida agora ovacionada
FC