Prosas Poéticas : 

Um olhar de amor

 
Um olhar de amor
 
Pintei de azul celeste

o mesmo olhar de amor

com que desperta

pulsante e farta

esta solidária manhã aventurada


Deixo a ressaca da noite

entregue a um tinto

generoso

com que me embebedo

no frutífero e saboroso

salivar das nossas bocas

sem credo nem medo

quando todo em ti me excedo


Transpiro de olhar

em olhar

sedento, ansioso

por encontrar-te saltitando

no porão dos meus silêncios

imersos em truques impetuosos

de ânsias devoradoras

escorregadias

assim que me deixas

placado na areia fina

onde morre a praia

depois de mais um entardecer vertiginoso


Correndo vou

suscitando a tua contemplativa anuência

recriada em reflexos rarefeitos

enquanto sigo

no encalço de tuas pegadas

desafiando pecaminoso

meus erros embalsamados

em remotas e resignadas

histórias

que decanto em poesia

sentida

transtornada e dolorosa


Realço novas cores

na manhã ociosa

e atónita

que brame resignada

perante tuas infantis

e desconcertantes gargalhadas

a preceito

Saúdo minha liberdade

supero se preciso

os medos de ser

amistoso

quando o corpo em decadência

nem suporta mais

tantas vagas ritmadas

de felicidade

onde se decide como

enfeitar de novo a vida

crepitante

veloz

aplaudida

pelos holofotes luminosamente apressados

em adormecer a noite

debruçada sem complacências

perante cada desejo em clamor

que assim se desperta triunfante

em respostas cronometradas

na precisão dos tempos

onde jazem nossas vidas

peremptoriamente deflagradas

no soluçar dos ventos

FC

 
Autor
Frederico
 
Texto
Data
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