Pintei de azul celeste
o mesmo olhar de amor
com que desperta
pulsante e farta
esta solidária manhã aventurada
Deixo a ressaca da noite
entregue a um tinto
generoso
com que me embebedo
no frutífero e saboroso
salivar das nossas bocas
sem credo nem medo
quando todo em ti me excedo
Transpiro de olhar
em olhar
sedento, ansioso
por encontrar-te saltitando
no porão dos meus silêncios
imersos em truques impetuosos
de ânsias devoradoras
escorregadias
assim que me deixas
placado na areia fina
onde morre a praia
depois de mais um entardecer vertiginoso
Correndo vou
suscitando a tua contemplativa anuência
recriada em reflexos rarefeitos
enquanto sigo
no encalço de tuas pegadas
desafiando pecaminoso
meus erros embalsamados
em remotas e resignadas
histórias
que decanto em poesia
sentida
transtornada e dolorosa
Realço novas cores
na manhã ociosa
e atónita
que brame resignada
perante tuas infantis
e desconcertantes gargalhadas
a preceito
Saúdo minha liberdade
supero se preciso
os medos de ser
amistoso
quando o corpo em decadência
nem suporta mais
tantas vagas ritmadas
de felicidade
onde se decide como
enfeitar de novo a vida
crepitante
veloz
aplaudida
pelos holofotes luminosamente apressados
em adormecer a noite
debruçada sem complacências
perante cada desejo em clamor
que assim se desperta triunfante
em respostas cronometradas
na precisão dos tempos
onde jazem nossas vidas
peremptoriamente deflagradas
no soluçar dos ventos
FC