Outono.
Árvore despida no canto da nuvem
Folha morta, ressequida
Sopro e peito deserto
Pano de chão agitado no vento
Brisa cinza, céu encoberto
Corpo caído…
Galho quebrado na força da vida
Ninho desfeito
Ave perdida…
Murmúrio, lamento, tempo
Chuva miúda, suicida
Prédio molhado
Passos, gente na avenida
Estrada aberta, artéria que aperta
Som de silêncio
Paisagem calada…
Olhos fechados, janela esquecida
Pedra lançada
Eterno segundo, vidraça partida
Tempestade, trovão
Boca no grito, credo na mão
Hora…
Raio de choro, seduz a luz
Cheiro de terra pela manhã
Taça vertida
Licor negro, adormecido
Calma…
Sabor e vida
Calma
Véu transparente, brilho no ar
Manifesto!
Manifesto…
Viver é sair para a rua de manhã, aprender a amar e à noite voltar para casa.