A possibilidade de escrever o que se sente é grande
Mas é impossível que leiam no que escrevo o que sinto
Talvez por na transcrição das ideias o papel beba tanto da tinta
Que o que quero escrito fica borratado, disforme gramaticalmente
Talvez haja quem me leia, mas não nas palavras em que me lê
Provavelmente talvez no que não escrevo e nesses silêncios do papel
Descortine o som do que não ouso dizer ou até segredar
Por querer esconder nas letras do papel as palavras que não minto
Por isso para quê escrever o que sinto,
Pincelando o que sei, não ser o que pinto
Deixando nos espaços sem letras
A cor do que quero dizer?
É difícil escrever
Mas mais ainda saber ler
Delfim Peixoto © ®