Ela espreitava o que acontecia naquele momento:
Dois rapazes e uma moça conversavam animadamente até encontrar uma muralha branca que deveria ter sido pintada de cal.
Diante do trio ela se erguia imponente como uma fortaleza medieval.
Os rapazes avistaram uma porta (ou portal) tão imensa quanto a muralha que a incrustava.
Sem esperar, uma luz branca surgia, vinda daquela porta.
Os rapazes colocaram as mãos sobre os olhos, tal a luminosidade que saía do local.
A moça incrivelmente não fazia isso. Eles se espantaram e um deles a perguntou:
-A luz não dói em seus olhos?
- Não, vocês devem ter fotofobia. A mim, não incomoda nada!
Eles forçaram a porta para tentar entrar, em um ímpeto de curiosidade, e por mais que forçassem de nada valia...
A moça abriu caminho entre eles e apenas empurrou com suas mãos (numa leveza de fada), e a porta instantaneamente se abriu.
A moça entrou e eles ficaram de fora, surpresos com a coragem que a amiga tinha, diante do desconhecido.
Nesse momento, o portal fechou-se novamente.
A moça ficou do lado de dentro, e eles nervosos, batiam novamente na porta na ilusão que ela se abriria...
Diante deles, surgiram insetos enormes, vindos de todos os lados e cobriram o portal.
Não havia mais nada a ser feito: Era sem dúvida, um portal que somente um coração puro e destemido poderia entrar.
O de Clarisse.
E a outra moça, que a tudo assistira desde o começo, acordava do sonho*, para mais um dia no mundo sem fadas.
Fátima Abreu
*Baseado em um sonho de minha filha Catarina Abreu