Sou um flutuante sem bússola
navego nas águas do tempo,
dentro do peito carrego a foz do teu rosto.
Brisas brancas queimam o hálito da noite
concebem o vento que circula
como uma osmose frágil nos pulmões
do meu oval horizonte.
Na inquietante e dilatada latitude
procuro a esfera da tua substância
essa atmosfera ardente
que repousa na correnteza do meu sangue.
Nos confins das intactas e vivas palavras
treme o paladar da minha imagem,
numa funda cavidade do silêncio fluvial
pulsa este corpo aberto.
No muro flexível do outro lado de mim
respira este barco esquecido pelo cais
inundado da matéria latejante dos bosques.
Índio