Sonetos : 

A Rua dos Cataventos - Soneto XXXV (Mário Quintana)

 
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Quando eu morrer e no frescor da lua
Da casa nova me quedar a sós,
Deixai-me em paz na minha quieta rua...
Nada mais quero com nenhuma de vós!

Quero é ficar com alguns poemas tortos
Que andei tentando endireitar em vão...
Que linda a eternidade, amigos mortos,
Para as torturas lentas da Expressão!...

Eu levarei comigo as madrugadas,
Pôr de sóis, algum luar, asas em bando,
Mais o rir das primeiras namoradas...

E um dia há de fitar com espanto
Os fios de vida que eu urdi, cantando,
Na orla negra do seu negro manto...

Mário Quintana (1906-1994), In: Poesia completa, Ed. Nova Aguillar, 2005, p. 121.
 
Autor
AjAraujo
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