Eu sou aquilo que não pode ser domado;
Um cavalo selvagem, que é ainda mais belo, correndo livre;
Eu sou o veneno que não deve ser tomado;
Um poeta, um poema, que a eternidade vive;
Meu legado, é fazer, o que a minha vontade determina;
Sou a vontade de nascer, da vida;
Sou a quietude, que os ruídos, termina;
O ceifar da morte com sua lâmina;
Sou o prazer do orgulhoso que discrimina;
O feixe de luz, que a escuridão ilumina;
A arte que imita a vida;
A vida que imita a arte;
Todos os sentimentos que da vida faz parte;
A alegria de escrever agora;
A angústia que o peito coloca pra fora;
A bola equilibrada no nariz da foca;
A senhora na janela, fazendo fofoca;
O sentimento mais sublime, que em seu coração, toca;
O ódio do ignorante que o invoca;
A determinação do esforço, de quem se foca;
Sou o desprazer e os prazeres;
O trabalhador, com seus afazeres;
O mal querer e o bem querer;
De todos eles;
Sou o pensamento que te perturba;
Sou a velhinha que atravessar a rua, você ajuda;
O cego que não enxerga o que está a frente;
A criança saltitante, que ganhou um presente;
Sou a vista pro mar, pela janela;
Sou a intelectualidade, dos exilados de capela;
Sou pedra bruta, ou joia rara;
Sou samba que faz requebrar a mulata;
Sou a lucidez ou a vida insensata;
Do leite que ferveu, a nata;
Cachorro de raça ou um vira-lata;
As rimas mal feitas, da poesia barata;
Eu sou a arte que me faz escrever;
Sou a força que mantém a viver;
O chute no traseiro , que lhe faz aprender;
O amor que em seu coração, deseja permanecer;
Sou a sanidade do maluco;
A insensatez da normalidade;
O carrasco, que da vida, não tem piedade;
Sou o extermínio e a extremidade....
Marcio Corrêa Nunes