COMO A DUREZA DO TEMPO
Granito bruto a cintilar o brilho do teu corpo
E da pedra dura e bruta brota e nasce teu amor ;
A quilha do meu peito corta teu gelo e tua dureza.
Ondas de loucuras rangem meus olhos secos e doídos
E me sangram e me calam e me amam e me procuram e me falam.
Quebra-te em diamante tropical alado e alagado no meu peito.
E abra-te fantasia minha, em loucos sonhos que abraçam o mar,
Que nunca irão se acabar, como teu meu-amor, como distâncias antigas;
Rugas que nos rasgam o rosto e nos afundam no tempo, dentro de te, nós.
Deita-te em mim, mar azul, minha mulher, minha vida, sem vergonha de amar;
Pulsa como raios pulsam os enganos e os sonhos reais pulsam oceanos,
E me sangram e me calam e me amam e me procuram e me falam.
José Veríssimo