Compensação
Paulo Gondim
31/03/2015
Parte de mim morreu hoje
Como morre um pouco a cada dia
E, assim, vou morrendo aos poucos
Nessa vida, crua, sem fantasia
Até ousei viver e sonhar
Mas tudo esbarra em histerias
Na incompreensão, no medo
Em falsas crenças, em hipocrisias
Por onde for, não poderei ser eu
Terei de fazer agrados, concessões
Eliminar meu ego, meu caráter
Renunciar à vida, às paixões
Robô de mim mesmo, um androide
Um ser sem vida, na escuridão
Só assim, serei aceito, sem outro jeito
É um mundo de submissão.
O melindre é a marca da vida
De longe, passa a compreensão
Cobram-nos tudo na vida
E nada dão em compensação.
Paulo Gondim