Sinto-me como a quem sente os olhos bicados por corvos;
A solidão me consome;
Mesmo que eu me conforme;
Preciso fugir, antes que me devore;
Ruas solitárias;
Fez seu ninho na ponta da lança;
Meus passos são lentos;
Desta forma o corvo me alcança;
Sabe, talvez um corvo preparado a passarinho, não deva ser ruim;
Melhor eu o comer;
Antes que me devore até o fim;
Vou soltar minha ave de rapina;
E pedir-lhe para que proteja meus olhos;
O mais forte sempre devora o mais fraco;
Seja bem vinda dona insônia, a quanto tempo não nos víamos;
Lhe confesso que saudades não senti;
Quero mesmo é um bom sono eu dormir;
O espantalho, já não assusta mais os corvos;
Usam sua palha para se acomodarem;
Nunca ouvi um piado sequer;
Acho que são mudos;
Como minha solidão;
Sinto-me como a quem sente os olhos serem bicados por corvos...
Marcio Corrêa Nunes