Prosas Poéticas : 

Horas fugitivas

 
Horas fugitivas
 
Qualquer hora

hoje passou por aqui

fugitiva

esgueirando-se na fertilidade

do tempo plantado

com beijos dispersos

em cada madrugada onde

recobro o fôlego despindo

assim nossa cumplicidade

– Qualquer hora

ontem passou ali

sorrateira

transpondo meus actos

de amor revelados em

cada estrofe confidente

que se expressa

faminta de preces

persuadida de beleza

em cada momento onde

em nítida esquadria

te desenho exacta

com a alma acesa,

em discretas

distâncias

escorrendo no ermo celeste

entre

a pressa que nos dista

e a paciência da ânsia

que tanta soberana

evidência protagoniza

– Qualquer hora

amanhã passará misteriosa

iluminando o enxoval

das nossas memórias

e lá depositarei todas as

travessas gargalhadas tuas

como relíquias nocturnas

que desabrocham entre

sulcos adocicados de poesia

e paisagens apressadamente

comovidas em horas e dias

consagrados até morrer

a última e exuberante dádiva de cortesia

FC

 
Autor
Frederico
 
Texto
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