É pelos livros que eu venho
Embarcado em liteira antiga
Invocando uma neve pura
Que consolide as palavras que trago
Mas que não me emudeça.
Existiu o medo ainda agora
Lá fora o frio, que mentira
Lá fora, ainda lá fora
A clara evidência das misérias humanas
Onde fica Condeixa? Conheces Alpendurada?
Mas basta já de histórias capazes
Audições gastas: perdurai aí!
E eu saio como sou, para
Os alfarrábios compostos, as vitrinas
Já vou. Já aí estou.
“A breve história do mel”
Tomo um e tomo dois
Mentira. Não é breve! Ao lado
A lombada verde, uma outra vermelha
O velho amigo sorrindo as suas barbas
“Já há algum tempo que não aparece”
Preâmbulo familiar, estranha paz
“O que procura ao certo?”
Ao certo, ao certo, ao certo
Ao segundo, ao minuto, ao mais…
Quero o infinito que não te larga
A tua essência de livreiro tão real
Que me questiona e adula
Certa, assimétrica e atemporal
Como um hieróglifo desbotado.
Quero a liberdade dos sábios
A jurisdição do imperador
E que esta tarde fale de mim
Em todas as cores através das eras
Sem que importe onde estou.