Eólico
Foi-se embora o meu amor,
Minha paixão,minha vida,
Desolado nessa dor
Fico só e sem guarida.
Pergunto ao vento que passa
Que à minha dor traga novas,
Na folhagem que esvoaça
Deixo mensagens em trovas.
Inquiro o fluxo das fontes,
No seu murmúrio dolente,
Que em seu leito pelos montes
A flora torna virente.
Pergunto a todas as aves
Se perceberam rumores,
Mas nos seus voos suaves
Não há ventos sopradores.
No falar das borboletas
Em contato com as flores
Sussurram as violetas
Com seus gestos sedutores.
Mas o vento usurpador
Leva dali o segredo
Num zunido zombador;
Fico só no meu degredo
E não encontro arremedo
Que me sirva de valor.
Juvenal Nunes