Interrogo e sonho…
Interrogo-me todos os dias…e todos os dias sonho,
Porque todos os dias a manhã geme e pare o sol
E eu…eu não sei porque existe o sol,
Ou porque a terra tem este íman e me chama.
Chama, abraça-me e diz ser o meu chão!
Interrogo-me todos os dias…
E todos os dias chega a noite parindo a lua ainda menina
E esta espelha-se nos meus olhos sorrindo melancólica
Como se neles coubesse o mar onde se deita, por inteira.
Mas…nos meus olhos não cabe o mar por inteiro…
Aliás, nem uma mísera onda…só talvez uma gota…e eu…
Interrogo! Interrogo o ser salgada esta minha lágrima
Assim como interrogo o sorriso…o sorriso…
O sorriso que desconfigura o traço sóbrio dos meus lábios.
Interrogo se existe outro céu para além do azul do meu;
Se algures existe outra casa; outro banco de pedra…
Se nesse outro lugar também existe mar…árvores…
Ou se tudo isto é poeira nos meus olhos e eu interrogo!
Interrogo se eu na verdade existo ou se me invento.
Interrogo até o passo certo se o caminho é incerto…
E o tempo passa e se eu não interrogo o tempo …
E todas as coisas nele,…reais ou surreais…
Temo que ele morra e que morram as flores, as árvores;
A mãe parideira do Sol e da Lua, a janela da minha rua
E se todas estas coisas morrerem, morre o sonho…
E morro eu, também!
Maria dos Santos ALves, a publicar
(todos os direitos de autor reservados)