Sou um caso isolado
num tempo desfigurado
onde tantos valores ficam sem motor,
são remos que navegam
em duras águas…mãos calejadas
numa boca calada…
Sem lamentos …lábios sorridentes
na alma que chora
com as nuvens mais negras
nos silêncios dos luares
observo muito…leio o que não é dito
em respostas soltas de conversas vãs…
Não entendo o mundo
não me encontro em tantos encontros
não lamento…não clamo com a voz,
o vento leva com ele as sombras que me envolvem…
O vento leva?
Arrasta…não afasta
a dor que sangra sem que se veja…
Procuro…não encontro
são tudo aparências em busca de sequências
em busca de tanto que não alcanço…
Não alcanço…
o que me move é o vento
os moinhos de D. Quixote…
Balanço…sem pesos nem medidas
quero esquecer as revelações à mente,
o corpo obriga-me a olhar…
a dor doí e porque doí corroí
Fico em silêncio
a olhar o céu que muda de cor
tudo muda…as escuridões vencem a batalha
recuso-me a acompanhar esta frente
e volto para trás
para o meu tempo…o meu silêncio!
Ana Coelho
Os meus sonhos nunca dormem, sossegam somente por vagas horas quando as nuvens se encostam ao vento.
Os meus pensamentos são acasos que me chegam em relâmpagos, caem no papel em obediência à mente...