Sentados à
Sombra da nossa casa do rio,
O sol se despedia nas copas de palmeiras,
No mangal, se ouvia a canção das cachoeiras
Que caiam a pique sobre o estreito leito do rio
Que serpenteia, entre lianas, carregado de mistério.
De braços enlaçados à cintura da minha donzela,
Depositava beijos molhados nos seus húmidos lábios,
Enquanto o rio corria mansamente pelo lodoso leito,
Guiado pela ciumenta lua, que ora escondia sua luz
Ora espreitava entre as folhagens dos embondeiros.
Afagava cabelos loiros da janna, minha esposa,
Que se desalinhavam com o soprar do vento.
Olhávamos apaixonados para os peixinhos
Que saltitavam nas águas límpidas do rio.
Calmamente o rio avança,
E na sua andança pra sul
Vitalizava campos ressequidos
Pelo vaivém das nuvens
Na dança de tango com o vento,
Coreografadas
Se iam na onda
Inundar pastos nas terras de ninguém,
Deixando ressecar as lavras nas terras dos homens.
Eram tantas as emoções que se vivia na casa do rio,
Após um descanso reparador,
A janna vinha refugiar-se ao meu colo
Pedindo à Deus pra que nosso amor se eternize
Na beleza natural que nos rodeava.
Encantado pela sua simplicidade aos olhos do criador,
Amava-a cada vez mais.
Adelino Gomes-nhaca