O ROUXINOL
O canto enternecedor daquele rouxinol,
Que lá da montanha ouvia-se o chilrear,
Soprava a brisa sob o manto do arrebol,
Numa casinha... um morador a escutar.
Na relva silenciosa fazia sua pousada,
Em noites lépidas, passava a cantar;
Seu canto álacre, chamando a amada,
Para a Natureza, com ela homenagear.
As flores embevecidas com seu canto,
Exalavam aromais ao pássaro ermitão,
Prazeroso era ouví-lo... que encanto!
Bendita ave! Dos céus é a sua criação!
Hoje, toda serrania veste-se em pranto.
Sua majestade, a filomela emudeceu,
Seu silêncio foi a sua voz em pranto,
Fêz chorar até quem não a conheceu.
Sentido com a morte do passeriforme,
O morador da casinha ali não quis ficar;
Uma sombria e ansiada vida deforme,
Faria a saudade daquele alado chegar.
Narrada sob à sombra de uma albina,
Que afirmam verdadeira para se contar,
Até fincaram no píncaro daquela colina
Uma cruz, para sempre a ave lembrar.
Rivadávia Leite
AQUARELA DE UM SONHO
Aquarela de mulher excêntrica e vaidosa,
Como é estranho este teu lângüido pensar!
Esta cisma persistente e assaz desastrosa,
No meu caminho, jamais deixarei passar!
Satírica maneira que te faz tão escabrosa,
Vendavais...