– Indo nos ventos
recolho furtivo teus incertos
beijos mesmo ali à beirinha
onde me deixaste proscrito
na rota apetecível dos sorrisos
despidos em escadaria
em travessias
pelo tempo que resta
onde por fim me liberto
e o mar
regurgitando minha poesia
pincela em matizes inebriantes
toda a luz semeada em euforia
nas frestas do meu coração
adormecido em atiçados
fulgores de ousadia
– Indo nos ventos
acento por escrito
tuas planícies implorando perfumes
de amor e fecundidade
reparto em abraços tudo que
amadurece em ti
redescubro novas vidas
vividas a todo o momento
em goles esfaimados de saudade
em derradeiros e sustenidos
actos ritmados de amor
convergindo em prol
da consolada e eminente verdade
sem desenganos que eu veja
onde nem o mal me fere mais
e sobeja só em nós esculpida em arte
os sentidos penitenciados
na lápide da nossa assediada eternidade
– Indo nos ventos
apresso-me sereno
buscando aquele odor ameno
onde te fiz meu oceano sorrateiro
desarmado em ondas sem tempo
solitárias, impregnadas
em lufadas de maresia
rugindo
nos murais onde pernoitam os
sulcos de todas as nossas rotações
e translacções
– Indo nos ventos
legamos em testamento nossas preces
desfraldamos nossa bandeira
e soletramos arrojantes verdades
em ilusões ambulantes e aventureiras
dissolvidas no epicentro preciso
onde esbracejamos toda a nossa
imensa e feliz cumplicidade
FC