Guitarra do meu peito tão distante,
teu gemido, numa ânsia, malogrado,
é miragem que se arrasta, minha amante, (d'hora a vante)
quão longe, noutras mãos, tocando o Fado.
Minh'Alma vive só, atormentada
lembrando aquela noite tão sombria
em que foste do meu corpo separada
na dolência do saber que te perdia.
Guitarra do meu peito que esqueceste
meu tocar no teu silêncio tão magoado
guitarra dos meus dedos te perdeste
gemendo nas vielas d'outro Fado.
És ainda a minha amarga solidão
na memória que ficou do teu trinado
mas um dia novos ventos te trarão
porque temos o destino já marcado.
Ricardo Maria Louro
Para o Guitarrista Bruno Chaveiro
Ricardo Maria Louro