Requento meu peito
E bebo, não aguento
Ficar, talvez, sem leito
Perfeito, sem defeito
Esporando a vida, mordida
Ferido na volta, gritando na lida
Explodindo na ilusão da ida
Calado, socado, que vida sofrida
Menino inocente, do canto da rua
Serrotando a vida, que nunca foi sua
Acaba serrado, amordaçado, na lua
Na veia seca do copo, que é tua
Me lembra o Macuco, peixe esperto e matuto
Partem as rosas, coisas da vida, de um berço bruto
Calado nas letras, rasgado nos livros, sumido no vulto
Da dona Macuca, neto do mais puro sangue de luto
Nascido na Rua do Bom Jesus, coisa que nunca assume
Mais perdido pra vida, mais claro pro crime, coisa de vagalume
Matipó foi banheira da infância, um filtro alegre e o perfume
Mulato danado, vadio, escorregadio, matou balas de ciúme
Meu pobre Macuco, que sorte foi tua ?
José Veríssimo
Tentei refletir um pouco sobre um amigo que tive, na infância, e que, por vários motivos se transformou em uma pessoa, que "escolheu", ou foi "escolhido", por uma outra banda da vida, e acabou assassinado....na realidade é inspiração para um belo texto....que não consegui dizer tudo que sinto...mas ficou marcada a estrada...depois volto a passar por ela....abraço a todos