Atravesso o verso do poema
Rasgando o cómodo lirismo.
Não sou de palavras mansas,
Nem de ritmos assertivos,
Não gosto de sonetos castos,
Embora os faça em dias comedidos.
Gosto de inventar os lugares loucos,
Palavras que se entrelaçam
Gemendo no final de um verso
Como o corpo geme no sexo.
Ah! Poema que grita nos lábios…Ah!
Liberdade exposta no trigo dos campos.
Crê e lê quem sente…apenas sente.
Ignora o cego das palavras vivas,
Aquelas que correm das veias,
Sem ensaio, sem licença, livres,
Como livres são todas as aves.