Há tardes que se enroscam nos meus pensamentos,
constroem ilusões que se vão colando na minha alma
e que, com o chegar das noites se transformam intentos
de voar sem rumo, nas asas do vento, minha calma.
São devaneios perdidos nas vontades acomodadas
que a minha mente recusa a aceitar, sem resistência,
mas os medos das mágoas das horas escancaradas
são presentes e trazem lembranças de advertência.
O perfume salgado da maresia tempera-me o desejo
de abraçar a alva espuma, trazida por ondas viajadas,
de me deixar levar pelo fascinio dourado do lampejo
e aquietar a minha agitação na visão de musas aladas.
Bem sei que são quimeras, quiçá, um pouco alteradas,
mas no meu divagar sou eu só, solitário e soberano,
posso fazer das utopias, realidades por mim refractadas
por que sou um sonhador, talvez louco, mas humano.
José Carlos Moutinho