nega o sol de cera
que as minhas asas estão prontas a queimá-lo
em espiral de chamas ascendentes
o que te escrevo ainda é um verso de papel molhado
cega os braços, cobre de sombra os passos
enquanto a hora não enlouquece
e o relógio não explode em minúsculos segundos de vidro
e impaciência.
nega tudo o que não aprendeste
que a ordem das coisas é de matéria elástica
e o céu um incidente de recurso
uma inviabilidade tácita.
sobe uma oitava.
a escada musical
é o único acesso à descoberta do fogo
a única permissão de aviso
às tempestades que germinam no útero
do silêncio
e no equilíbrio do voo.
e deixa-te cair em graça
se caires.
a morte é uma mãe que perde um filho
e o procura
em cada pena ardendo
de um só brilho.
Teresa Teixeira