Fossem meus olhos
bordados nos imensos céus
onde pairam os silêncios teus
e então trocaria de vez
o sentido impaciente com que descrevo
nossa entrega
sem indiferenças nem contemplações
à luz de plenas
recompensas e escravizantes ilusões
– Que me ornamentes as palavras
tecidas na súbita poesia abençoada
na penumbra dos nossos ternos
e saudosos brados
– Que me estendas teu estuário poético
onde tudo é belo
e transita vagarosamente
à beira dos nossos rios
onde tudo é sonho estendido
em desintegrações impressas
em cada átomo de vida avassaladora
em cada existência demolidora
onde traduzimos em delicadezas
a graça comovida
em infinita beleza assim comprometida
– Fossem meus olhos
inspiração acesa nos teus
sustentando todos os celestiais
movimentos elegantes
fossem os céus
os prados memorizados
madrugando extravagantes
onde nos fazemos convertidos e flagrantes
e não mais morreria consumido em chamas
mas duraria na vulgaridade do tempo
estonteante toda a eternidade
expectante
excitada pela arquitectura da sabedoria
desabrochando acalentadora e delirante
FC