Um olhar sobre a paisagem
Relanço meu olhar sobre a paisagem
E vejo o teu vestido cor de fogo
Em tela ao rubro sobre o horizonte.
Nessa visão há mais que uma miragem,
Há uma chama a arder em que me afogo,
Chama que luz em toda a minha fronte.
Cavalgo nos sonhos que a chama alteia,
Nas crinas dos corcéis há labaredas
Luzindo nas quebradas e veredas,
Das águas surge um corpo de sereia;
Deixo fugir as rédeas entre os dedos
Buscando em sua concha os seus segredos.
No lume da água há cristais em brasa,
Sinais vivos da torrente de lava
Que reduziu a cinzas teu vestido;
Sobre o mar surge a forma de uma asa
A alar a figura que se ocultava
No clarão imenso desse brasido.
Desfaz-se a ilusão, a utopia,
E leve como os fluidos da sua linfa,
Sobre mim esvoaça, com fantasia,
Em genesíaco abraço de ninfa.
Juvenal Nunes