as pálpebras baixaram-se como o pano
depois do espectáculo, as respirações
continuaram sôfregas na parede do quarto
como as feridas lá desenhadas
ruíram-se os céus dentro da boca,
o ponteiro recuou inequivocamente
(des) protegido pelos teus dedos.
interpretavam o corpo, a forma
mais ténue de me ler os traços recônditos
dobrei-me dentro de mim,
todos os poros se abriram como se fossem
um vidro coberto por musgo negro,
os rios percorrem-me as mãos
e as manchas brancas são agora raras
mas belíssimas
como as células em braile
Conceição Bernardino