Naquela tarde que te vi partir, sentada nas asas da lua, meu coração parou, dos meus olhos brotaram lágrimas de dor, que inundaram de ardor minhas faces comidas pelo tempo. Mas tu, minha querida, envolta nas asas da lua perdeste no colorido horizonte do entardecer. Quis ter asas de todos passarinhos do mundo, pra te acompanhar nesta viagem, que afasta teus cativantes sorrisos de mim e o calor dos teus beijos dos meus lábios, mas a lei da natureza impera. Fui feito pra voar rente aos campos dos nossos amores, onde o sol nos despedia abraçado ao candente arco-íris, no céu encoberto pelas gaivotas que regressavam aos seus requentes ninhos.
Passaram duas primaveras sem o desabrochar das rosas que tu colhias pra alindar as tardes do nosso amor, com tua ausência, tudo se estancou, excepto meu coração que esvoaça montes e prados floridos, colhendo lírio e rosas pra encantar o dia em que asas da lua te devolvessem ao calor do nosso doce lar. Até que esse dia chegue, não haverá nenhuma calamidade que possa interromper meu voo rasante em companhia de beija-flor, que busca o néctar pra fome saciar, enquanto procuro nas rosas, os encantos, por ti deixados em cada canto do jardim, pra colmatar minha solidão.
Em meus sonhos descoloridos, tempero com amargas lágrimas, os lenções do nosso leito privado do teu suor perfumado.
O silêncio acutilante da sua ausência fazia-me relembrar das lascivas noites de prazer, que desfrutávamos sob olhar ciumento dos pirilampos, que espreitavam pela vidraça das janelas da nossa catita mansão.
Adelino Gomes-nhaca
Adelino Gomes