A natureza desenhou um corpo perfeito e deu-lhe de presente, sem nada pedir em troca. A boca é de estrela hollywoodiana. Às vezes é rebelde, quando não consegue convencer o namorado para jantar na Rua 46.
É inocente e sensual como a serpente no paraíso. Tudo parece perfeito; mesmo assim desespera-se; quebra espelhos dos hotéis onde se hospeda, atira pelas janelas caixas de maquiagem. Acorda de salto, cílios postiços e batom borrado.
O trânsito é vagaroso. Fica nervosa. Num outdoor lê a frase : Procura-se a mulher ideal.Esquece o carro no estacionamento do shopping. Caminha a passos miúdos. Ouve assobios dos flanelinhas e dos motoristas de táxi. É indiferente a tudo. Solta os cabelos, abotoa o casaco estampado de flores.
“Ela é louca, tem os passos de atriz dos filmes Godard” - Gritam nos bares e no oitavo andar do condomínio onde mora.
Embriaga-se na primeira esquina. Bebe rum com limão. Imagina estar num pub londrino. Tira da bolsa um livro de Simone Beauvoir.
Poemas em ondas deslizam nas águas.