Há no Tejo uma fragata que se alinha,
jaz morta, tão antiga, meio perdida,
d'olhos doces, barcos parados, que se aninha,
sobre as águas, deleitada, tão esquecida.
Pela noite há um grito de partida
no silêncio da dolente madrugada
e há gente que no cais da despedida
canta Fado sobre o Tejo debruçada.
E há choro e há lamento sobre a vida
à hora que mais conta d'um destino
Silencio que esta hora entristecida
recorda o meu chorar desde menino.
E lá vão no ondular de outro caminho,
os sonhos, desta gente, a nossa História,
fica o Povo de Lisboa tão sozinho,
guardando essa fragata na memória.
Ricardo Maria Louro
Do Repertório de Tiago Correia
Ricardo Maria Louro