Como poeta e como escritor, gosto de chamar as coisas, pelos seus nomes, e mostrar à sociedade, que estes dias, 08 de Março, não são dias de festividade, para todas as mulheres, quando quem mais lhes deve reconhecer mérito, e mostrá-lo ao mundo, porque têm os meios próprios e adequados, para isso, e as omitem, calam e nada fazem, é pois o machismo, quem ainda dita, mais alto, a sua voz. Já à mulher, àquela que vende capas de revista, “cor-de-rosa”, e é convidada a ir à televisão, dizer parvoíces, ostensivamente maquilhadas, no excesso da submissão e do ridículo, que o homem lhe impõe, para seu gaudio (deles), não é com certeza, a essa mulher, ou mulheres, a quem eu mais dedico a minha singela homenagem - e que é feita todos os meus dias -, mas àquela, a que foi enganada, pelo esposo e abandonada à sua sorte, de uma vida madrasta, com os filhos pela mão, em tenra idade, e com o mundo descambando à sua volta; é para essas e é para aquelas, que logo arregaçam as mangas, enxugam as lágrimas, para que os filhos não as vejam fragilizadas, e passam a ser pai e mãe, ao mesmo tempo, tendo dois ou mesmo mais empregos; ou àquela, que é agredida, nos claustros machistas, que elas não supuseram mas sonharam, um dia, ser a casa do seu sonho, para namorar seu esposo - que em namoro lhes prometeu, o que não viria a cumprir, depois -, e aí ter seus filhos e criá-los juntos; é para essa e é para essas, mas mais ainda, para aquela e para aquelas, que todos os dias são assassinadas, porque a policia, logo à primeira bofetada, não agiu, e ao impropério revanchista calou, quando a mulher se deslocou ao posto policial, pedindo ajuda, e as senhoras e os senhores policiais, nada fizeram, para a proteger, dizendo-lhe, que, se calhar, “a senhora até pediu, para que tal viesse a acontecer, minha querida…, sabe que o homem não é de ferro!”, mandando-a, de seguida, de volta à casa dos horrores, onde, obviamente, continuou a ser perseguida, espancada, maltratada psicologicamente, até chegar o inevitável: o assassinato; é para essa e é para essas Mulheres, em particular, a quem eu mais dedico a minha homenagem: hoje, ontem e amanhã…. E sempre!...
(Embora reconheça que, cada vez mais, a sociedade, já vai agindo, mais de acordo com os valores morais, que as nossas mães, nos passaram. E os provérbios, que diziam, pasmem-se: “cá em casa manda ela, mas nela mando eu”, ou “entre marido e mulher não se mete a colher”, na maioria das vezes, hoje, já não colhe e são votados à indignação, passando à força da reivindicação: há que mudar, já se ouve!).
Acresce aqui dizer, que, em Portugal, uma em cada 3 mulheres, é morta, todos os dias, pelos seus maridos, e que, cada vez mais, é no namoro, que tudo começa.
É pois, para essas e para aquelas que, a pulso, reivindicam, com muito trabalho, esforço e profissionalismo, o seu direito, a serem reconhecidas, como parte integrante, das sociedades modernas, onde vivem e fazem viver, que vão os meus votos sinceros, de solidariedade. Assim, Bem- Hajam, a essas mulheres! A todas elas: Feliz Dia da Mulher – todos os dias.
Beijinhos, a todas as Mulheres!
Jorge Humberto
08/03/15