Luzes, música, acção!
A peça vai começar.
-"Um poeta, por favor!... Para declamar..."
Pode ser o Viegas...
Esperem,... calem a música, apaguem as luzes... O Viegas não pode ser! Esse já é livre... Tem de ser um preso... Um preso como eu... Algemado à vida.
Acendam as luzes! Ponham a música a tocar! Na assistência não quero ninguém. Só rosas... rosas vermelhas... da cor da vida que em breve cobrirá este palco.
Este palco... é a minha morte, aquela que desde sempre construí, com amor, com garra, com luta, com paixão. Este palco é toda a minha vida.
Calem a música. Iluminem o palco. Esta vida á qual ponho fim foi feliz. Por isso tem de acabar enquanto ainda há felicidade. A morte que construo desde que nasci, é livre! LIVRE! ouviram? Vou-me matar?! Não, apenas vou finalizar a grande construção da vida. Sim, sinto-me livre. Não posso mais viver, a vida prende-me, agarra-me. Agora, vou começar livremente a viver.
Chegou a hora? Não sei! Dentro de segundos já me matei - já não sou a que agora penso ser. Sou livre de escolher, de ser quem quiser, amar ou morrer.
Adeus, ou... até ao próximo acto
Cai o pano...
(Homem do Leme - 29/08/1997)
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