Meu arajipe – Lizaldo Vieira
Capital do meu Sergipe
Mel de engenho
Agua de coco
Manga
Mangaba de caída
Licor de jenipapo
Rape de tabaco
Farinha de Itabaiana
Terra do morro e urubu
Ponto do Imperador
Poema de Hermes fontes
Amores de Marcelo Deda
Picolé de graviola
Caninha de cabaça
Cana caiana
Pitu de riacho
Pernas de pau
Cajueiro e papagaio
Caldinho do siri
Aracaju dos nossos gostos
Saberes
Sabores
E desgostos
Meu ara
Minha mangaba madura
Meu sabor gostoso de comer
Meu cheiro
De mar moreno
Vida mansa
Tranquila
Serena
Bonita
Pequena
Meu arajipe
Pedacinho e cão de um povo bonito
Perdido no atlântico
Gosto de você Aracaju
Por todo que vem
Por tudo que tens
Que convém
Por tudo que é lúdico
Quero-te bem
Não mais a pacata
Sempre graciosa e pequena
Bucólica morena
Agora
Centenária
Moderna e desafiante
Brasileirinha á beira mar
Onde viver
Crescer
É amar
E sua sina
Pra toda vida
Aracaju que anda pujante
Não mais a vapor
Como dantes
Nem de bondinhos na linha de ferro
Agora, cortada por ciclovias.
Rodovias
Muitas vezes tornando
A vida sem vias
Num inferno
Coisas dos tempos modernos
Aracaju
Não mais com rios de águas límpidas e puras
Dos caranguejos e siris
Que muito reinaram por aqui,
E do desfile garboso dos botos
Na ponte do imperador
A agora de mangues poluídos
De rios mortos e fedidos
Com águas turvas e escuras,
Fruto do tal progresso desalmado.
Aracaju ainda de praias bonitas
Onde se desnuda a beleza morena
De suas lindas pequenas
E onde o poeta vai se inspirar
Aracaju das ruas estreitas
Do beco dos cocos
Do mercado velho
Do Tales Ferraz
Das belas avenidas
Por onde passa o progresso
Tangendo a vida
Pra lá e pra cá.
Aracaju, do tudo um pouco,
Dos sábios e loucos...
De sua gente descente,
Que vive no fio da navalha
No gueto
No morro
No centro
E no bairro
Do indo e vindo
De brancos e pretos
Na bicicleta
Ou á pé
No busu ou a cavalo
Mas, acima de tudo
Gente tinhosa
J Inácio
Inteligente e respeitosa
Afeita ao trabalho
Aracaju de povo descente
Que vive e deixa viver
A quem se deixar amar por esse chão amigo
Gentílico que vira e revira mundo
Céus e mares
Sem deixar que atrapalhem
Sua volta ao pátrio torrão.
É bom viver com você
Aracaju
De ontem e de hoje
De pessoas e nomes queridos:
Zé peixe
Ofenísia Freire
Tetis Nunes
Luiz Antônio Barreto
Eurico Amado
Célio Nunes
Aldecir Figueiredo,
Wellington Elias,
Severo Darcelino
Vilder Santos:
E do poeta Lizaldo
Também
Aracaju
Dos Josés
Manes
Mãe preta
De dona Josefa
Da Margarida
Tia Isabé
Aracaju com todos os sons
Todos os tons
Todo calor.
Aracaju de nossas vidas
Bonita
Atraente
Atrevida
Tu reinas
Com todos os deuses
E sonhas
Com todos os santos.
Aracaju sempre disputada
Enamorada
Nunca rendida...
Aracaju de todos os rostos,
Sabores
E gostos:
Da mangaba,
Do jenipapo
Da pitomba,
Da goiaba,
Da manga
E da jaca,
Do doce de leite e de coco.
E da pinga com casca de pau.
É por esse jeito
Com essas virtudes e defeitos
É a você que amamos
A você Aracaju
Das muitas dores
Dos muitos sons e tons
Dos muitos gostos,
Dos Nossos rostos
Aracaju dos muitos sabores.
E dos muitos amores.
Q U E S E D A N E C U S T O d e V I D A - Lizaldo Vieira
Meu deus
Tá danado
É todo santo dia
O mesmo recado
La vem o noticiário
Com a
estória das bolsas
Do que sobe e desce no mercado
De Tóquio
Nasdaq
São paulo
É dólar que aume...