As horas não rompem os abrigos de cera
As musas não fazem sombra ao dez ali perto
O género não se divide em espontâneas levadas
E o traço não atravessa a fúria das palavras
Quem te fez ausente isso não compreende
Na notória vírgula fincada do tempo
Um estrugir incómodo que pisa e repisa
O papel imóvel e perecível de convicções
Que sociólogos e antropólogos dizem humanas
Não haja quem conte a Apolo e à sua seta
De aljava soberba quiçá roubada
Que todas as nossas mudas de animais
E os meros instrumentos que as acompanham
Serão peças comparadas e contraditas
Num museu bem longe da nossa concepção
Onde aquilo que me importa não irá aparecer
Porque o trabalho que de mim te põe afastada
Rouba-me ao peito a própria vida.