Quando eu me for
por aí
desalinhado nesta plateia
que espreita sorrateiramente
entre as cortinas veladas
da solidão
saberei assim quão benevolente
é este abrigo onde alicerçamos
toda a poesia que escreveremos
na lápide do tempo
Quantas recordações deixámos
fotografadas nas cantarias
onde repousam os pontos de fuga
rabiscados em fragmentos de felicidade
na mais fina caligrafia
Quando eu me for
reserva-me aqui
um canto de saudades estupefactas
lembra-me os detalhes
de cada gemido que trocámos
acompanha-me até ao limiar
do sonho iminente
onde nossas expressões
negoceiam felizes
um pacto pacientemente
selado
num perfeito desenlace
que desenhámos inebriados
entre a álgebra matemáticamente
exacta
e a identidade que ungiu de beijos
eloquentes
a madrugada que te recito
mal acabe esta noite assim
acutilante e enamorada
FC