Chuvas Virgens
Eu velejo no tempo da vida ao encontro da morte
nas ranhuras do mesmo procuro a razão deste meu existir
e as nuvens que passam refletem o mesmo destino
serão chuvas caindo em um céu que ainda é por vir.
Se meus sonhos florescerem em meio às fortes tormentas
e as estrelas do céu iluminarem a minha escuridão
quando sentir a doçura da vida no fim da existência
quando eu já não puder ouvir o som do meu coração
Serei todo formado nas sombras do anoitecer
um soturno e brutal instrumento de melancolia
serei ondas que rolam na areia trazendo a maresia
um encontro em que a morte me leva ao ápice do prazer
E se encontrares meu corpo devasso jogado nas fezes
não me julgues, foi assim que escreveram antes de eu nascer
se eu encontro meu fim neste jogo de cartas marcadas
só assim eu serei como as virgens chuvas do amanhecer.
Alexandre