HOMBRIDADE
Não basta ser homem, há-que ser hombre!
Ou seja, o mesmo, só que em espanhol.
Diferente, porém, conforme o rol
De predicados que ao sujeito assombre.
Primeiramente, o seu caminho alfombre:
Não há nada de novo sob o sol.
Se tudo e todos veem quanto é de prol
Não se admira que a vida, ao fim, se escombre...
Se for ombrear verdade mais decência,
Pouco se lhe dirá ora a experiência
Em face dos ideais de bons costumes.
Porque isto é só seguir velhos modelos:
Repetir frases feitas com mais zelos
Que os seus excelentíssimos vãos numes.
Belo Horizonte – 23 01 2007
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.
Sempre julguei curiosa a presença deste castelhanismo em nosso idioma. De facto, apesar do radical comum, o significado de HOMBRIDADE é assaz diverso de HUMANIDADE. Daí a piada de que, em espanhol, ser homem é algo mais varonil que em português. Tomei esse estranhamento linguístico como mote para fazer uma crítica do sistema de valores em torno do ideal burguês do macho-adulto-branco decente e provedor.