Meus olhos agonias pelo Tejo
pairando pelas águas para o mar
teu corpo adormecido meu desejo
tão distante deste meu querer amar.
Teus olhos são dois fados, meu castigo
teu corpo pedra fria sem ternura
teus olhos duas águas, meu gemido
folhas secas sobre a minha sepultura.
Meus olhos são dois filhos enjeitados
num dolente caminhar em dia vão
teus olhos são dois círios apagados
tão longe de encontrar meu coração.
Teus olhos já nem choram este amor
que me leva pelo Tejo à beira mar
meu corpo já não sente o teu calor
meus olhos andam loucos por te amar.
Ricardo Maria Louro
Repertório de José Quaresma
Ricardo Maria Louro