Trago noites nos sentidos meu Amor
à deriva pelo mar do coração
trago raivas no meu sangue, tanta dor,
queimando no meu peito de paixão.
Sequei a rosa brava que me deste
o teu amor à deriva noutro porto
mentiste nas palavras que disseste
nas noites em que amavas o meu corpo.
Matei dentro de mim a tua imagem
agora a solidão é meu caminho
a vida que disseste é só miragem,
Amor, agora és cinza, pó e espinho.
Talvez que um dia volte a querer amar
talvez um dia torne a querer sofrer
mas tenho ainda, amor, que te chorar,
no fado que esta dor me fez viver.
Ricardo Maria Louro.
Em Évora
Ricardo Maria Louro