Amor suburbano – Sexta parte
Neste momento Ester entrou porta adentro e a chamou para almoçar com um cliente que insistia em levá-la para almoçar e não queria ir sozinha. Helena pegando a bolsa e levantando foi exclamando – vamos comer porque hoje começa um novo dia. Ester batendo palmas já foi questionando o motivo da lépida atitude, se havia recebido um telefonema de alguém ou recebido flores de um desconhecido. Ao chegarem ao hall do restaurante Almeida avista um rapaz no balcão e chamou pelo nome de Artur, o rapaz se virou e foi de encontro ao velho todo sorridente que o abraçou e trocaram cumprimentos, neste momento Artur viu duas moças paradas atrás do velho que se virando apresentou as duas moças como as responsáveis pela sua saúde física atual. Artur se congelou por segundos e suas mãos saíram do estado seco ao suor em segundos, as duas sorrindo trocaram de mãos as bolsas e ele estendeu as suas para um cumprimento que certamente nunca iria esquecer. Ele pegou na mão de Ester e num sorriso constante em seguida pegou na mão de Helena analisando a suavidade de sua pele, calor e até suas unhas bem feitas ele pode ver. Ele apresentou-se como Artur, ela como Helena e antes de soltar sua mão seu Almeida o convidou para ficar e fazer companhia recusou o convite dizendo já ter almoçado e que tinha que voltar ao trabalho, deu outro abraço no amigo e sorriu para elas e saiu sem olhar para trás, por dentro estava explodindo de alegria. Naquele momento Almeida falava para as duas moças que Artur era filho de um velho amigo que já havia falecido e que o rapaz soube administrar os negócios da família nos últimos anos com seriedade e eficiência, e voltando a sorrir encaminhou com as mãos as duas mostrando a mesa e dizendo que já era tarde e estava com fome. Helena acompanhou pela vidraça do hall o veículo saindo do estacionamento, lembrando-se dele sentado à mesa perto da janela. Ester tinha razão ela precisava prestar mais atenção às coisas e até nos homens que a rodeavam como este Artur que devia ser uma pessoa interessante de olhar meigo e de uma leveza na voz. Homens são diferentes, lembra que na faculdade ficava analisando todos os rapazes da sala e também outros que ao passar dos anos foram ficando amigos, uns queriam ficar, ela não entendia como algumas amigas ficavam sem a menor preocupação de outras pessoas comentarem sobre a vulgaridade que tanto sua mãe alertava. Mesmo Ester em quatro anos namorou e ficou com mais de dez e ela no máximo dois e namoros que não duraram muito, coisa de encontros em bares onde a turma reunia. Somente um tinha deixado saudades, começou no último ano do segundo grau tinha tudo para dar certo, mas foi passar um carnaval em Minas Gerais sem avisá-la a deixou esperando por quatro dias, se ele não tivesse viajado talvez o desfecho tivesse sido diferente, na volta chegou com a cara limpa, então ela o dispensou na hora. Poucas vezes jantava em casa com a mãe e a irmã que matava aulas com a desculpa de estar cansada. Maria Rosa adorava quando as filhas estavam em casa às noites, assim poderia fazer um prato que elas gostavam e poderiam ver televisão e conversar. Durante o jantar que foi servido uma lasanha a quatro queijos o que fez as meninas passarem da conta o que não acontecia normalmente com suas manias de regime. A mãe dizia que seus corpos eram esculturais e que somente o tempo e o casamento poderiam alterar. O jantar começava pela mesa e aos poucos era transferido para o sofá da sala, devido ao jornal ou ao início na novela e foi num desses momentos que Maitê disse que iria fazer um comunicado o deixou mãe e irmã apreensivas. A mãe pediu que a filha fosse logo ao assunto e sem muita explicação comunicou que conheceu um rapaz e que gostaria de trazê-lo em casa para que o conhecessem, caso não houvesse restrição por parte delas. Helena começou o interrogatório, qual a idade, se já o conheciam e o que fazia. A mãe ficou nervosa dizendo que não era hora de namorar que iria prejudicar os estudos, Maitê se defendeu dizendo que era bom rapaz amigo da escola e que já estava estagiando em uma empresa, tinha vinte e quatro anos e muito responsável. A mãe disse que não queria ninguém dentro de casa, mas Helena tentou acalmar a mãe falando para a irmã que na próxima semana ela traria o rapaz em casa e assim elas o conheceria, pondo fim ao mal estar causado pela notícia. A mãe preocupada sobre a possibilidade de Maitê ter um namoro firme, pois na família havia um exemplo vivo, Giovana filha de uma prima era uma menina muito inteligente sempre com boas notas e certamente tinha um futuro promissor. Aos dezoito anos conheceu um rapaz e em menos de oito meses estava grávida, até hoje leva uma vida dura, o marido nunca se acertou com um emprego fixo e mais, foram três filhos que sem a ajuda das avós passariam dificuldades. A família sempre citava o caso como de um futuro desperdiçado, aquela menina certamente teria um futuro brilhante. Continuou o jantar, mas o clima criado pela notícia deixou a mãe emburrada o resto da tarde do domingo. Maitê foi para o quarto estudou um pouco, dormiu a tarde e depois, assistiu à televisão até o entardecer. Helena ainda conversou com a mãe sobre o assunto, depois passou os olhos pela agenda da próxima semana e faria uma coisa que tinha planejado há muito tempo visitar uma loja no shopping para escolher um jogo de sala para o futuro apartamento e iria sozinha, não queria Ester ou outra amiga junto, seria um momento só dela. O anuncio feito pela irmã fez Helena cancelar a conversa que teria durante o almoço com a mãe e irmã sobre a possibilidade de se mudar para o centro da cidade até o fim do ano e que já teria um imóvel em vista no bairro de Botafogo. Sentada frente à televisão pensou no rapaz do restaurante, demonstrara ser uma pessoa interessante para sair, conversar, jantar e viajar nos finais de semana uma pessoa para compartilhar uma vida.
Edmilson Naves