Prosas Poéticas : 

cinzelânia

 
todos os milésimos
mergulhados
em nebulosas ilusões

eis o tempo:

plissado
intérmino
e encurvado
no casaco
cinzento de inverno
encharcado tanto
que treme o chão
com seus pingos
enregelantes.

quase nada atravessa
o silencio níveo
a não ser o vento cínzeo
pontiagudo na carne.

meia volta não dou
nem darei
para abraçar um
corpo indefinido no sonho
sobre uma plataforma
aquecida

esse eu se quer
às vezes
(nessas horas friorentas
abandonadas)
a ruar
em devaneios indissolvíveis
para encontrar-te
aguardando-me numa cabana
de paredes de papel...

(sem muita asa)
(sem muito voo)

... com apenas um punhado
de palavras crepitando
dentro de casa.


Aquela mania de escrever qualquer coisa que escorrega do pensamento.

Open in new window


o decrépito
crepitar
da fantasia
 
Autor
MarySSantos
 
Texto
Data
Leituras
1071
Favoritos
3
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
40 pontos
4
6
3
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 28/02/2015 21:41  Atualizado: 28/02/2015 21:41
 Re: cinzelânia
gostei muito, e deu-me um frio como se o poema tocasse o leitor. muitobom. um abraço

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 01/03/2015 09:35  Atualizado: 01/03/2015 09:44
 Re: cinzelânia
Uma alma que grita sua verdadeira essência que perdeu nos momentos indissolvíveis da vida ficando uma ilusão frustrada.


Enviado por Tópico
MarySSantos
Publicado: 03/03/2015 19:18  Atualizado: 03/03/2015 19:18
Usuário desde: 06/06/2012
Localidade: Macapá/Amapá - Brasil
Mensagens: 5852
 Re: cinzelânia
pra sentir toda a essência do calor, se faz necessário que se achegue nele com frio.

obrigada, Luis, por sua presença, por suas palavras.

bjo