BONITA DE VER
Fazia caras e bocas;
reinventava o sorriso;
catalogava-se olhares:
Estuda o gesto preciso
só p’ra minha sedução.
De falso corava o rosto
Toda toda, tão coquete
Do alto do salto mais alto,
na berlinda d’olhar tiete,
só p’ra minha sedução.
Vestida bela mulher,
encarnava a personagem:
Tentando me impressionar,
dizia tanta bobagem
só p’ra minha sedução.
Encantadora ao querer,
era uma esforçada atriz...
Modelada de modelo
e repintada de miss
só p’ra minha sedução.
E, embora dissimulada,
ei-la na pálida tez!
Maculada a maquilagem,
desnuda-se em timidez
só p’ra minha sedução.
Tão ladina essa menina,
que me leva o coração:
quando eu fui dizer-lhe “sim”,
soube ela dizer-me “não”
só p’ra minha sedução.
Belo Horizonte - 25 05 1994
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.
Não me lembro para quem ou porque escrevi essa letra. Suponho que éramos, eu e ela, muito jovens então. Gosto dela mais pelo andamento que pela mensagem em si. Fica para vossa apreciação.