Poemas : 

Fragilidade

 
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O poema cessa
a um pisão no pé,
cessa quando vencem
as dívidas e resta só
dúvida se há dor no poema.

O poema cessa
quando dói o corpo,
cessa na temperatura
da febre contínua
que desce os
secos dos lábios.

Ninguém grita
um verso doce
ao martelar seu dedo:

nessa hora só resta
dor, não há filosofia...

há quem diga palavrão,
quem solte um berro,
mas nessa hora o livro
contendo poemas não
é lembrado ou desejado –
transforma-se apenas
em carne, ossos e sangue.

Conosco morrem as idéias,
os gritos de guerra,
delicadas palavras –
nada resiste ao colapso
do corpo que faz poesia.
 
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zuzajr
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Enviado por Tópico
Ibernise
Publicado: 07/02/2008 02:59  Atualizado: 07/02/2008 03:01
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 Re: Fragilidade
Seja bem vindo zuzajr.

A dor é situação~limite. Todos nós temos que enfrentá-la. O poetar sobre esta temática é rico e muito forte porq dor e prazer são dualismos irreconciliáveis.Assim sendo são faces de uma mesma moeda. Soldados na batalha retiram o máximo prazer na corpo exangue, sublimando-a na bravura, a mãe dando à luz a uma criança, sublima a dor ao se sentir co-agente no milagre da vida e assim por diante. A poesia está em tudo, só é necessário reconhecê-la... Parabéns e muito sucesso!. By. Ibernise

Enviado por Tópico
Mel de Carvalho
Publicado: 07/02/2008 22:15  Atualizado: 07/02/2008 22:15
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 Re: Fragilidade
O poema cessa... sim, sem dúvida, em todos os momentos que refere. Mas se esta verdade é maior, menor não é a de que, é muitas e muitas vezes, a dor, a mágoa que gera o poema: o poder da palavra a que eu um dia, dei o nome de "logoterapia".

Mil perdões, não o havia lido ainda. Li dois dos seus poemas, hoje. Comento este. Gostei do que escreve.

Melhores cumprimentos
Mel

Enviado por Tópico
Ledalge
Publicado: 12/05/2008 00:00  Atualizado: 12/05/2008 00:00
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 Re: Fragilidade
BEM INTERESSANTE ESSA TEMÁTICA. APRENDI MUITO AQUI. BJ