Há uns tempos para cá tenho visto um excessivo abuso da palavra, megalómano.
Quererá isto dizer que vivemos com algum vício megalomaníaco? Ou será que as aparências iludem?
Alguns pensarão que não existem exageros, é normal que o ser humano se sinta grandioso na sua própria grandiosidade, outros orgulhosos do majestoso serviço que prestam à sociedade, e raros os que se sentem, apenas, areias no meio do nada.
As contenções não se aplicam às regras da banalidade, visto que, somar eletrões não é para todos, uma vez, que os protrões estão pela hora da morte, e para esta, também é preciso ter-se neutrões. Já percebi que a minha mensagem não abrange suscetíveis à física, por esse motivo, passemos à camarata dos inconformados que se distinguem na simplicidade das coisas.
Seria Napoleão da Boa Parte um megalómano? Da Boa Parte, é isso mesmo, não confundir com Bonaparte, porque o fulano poderia ser de qualquer parte menos da boa, isto para não dizer, que o gajo era de uma parte que eu cá sei. Quantos não terão esta megalomania, independentemente, do nome que lhe foi atribuído. Reparem no Mil Folhas, saboroso, e satisfaz as delícias de muitos, para não falar dos que comem com as vistinhas, mas não será um exagero dar-se o nome, mil folhas, a um bolo que só tem uma resma, é óbvio, tudo vai da perspetiva do olho gordo de cada um. Agora voltemos os olhos para o famoso Portugal dos pequenitos que hoje celebra setenta e cinco anos, um paraíso em flor, onde os pequenitos nunca saem da condição megalómana de pobreza, e os melomaníacos crescem majestosamente à custa da estrumeira com que enchem a boca quando pronunciam a palavra povo.
Conceição Bernardino