Ponho o meu xaile encarnado
p'ra ficar mais apetitosa
que o meu destino é marcado
ai, p'lo secar d' uma rosa.
Quando me vires na rua
e disseres, não consinto,
até do Céu cai a Lua
mas do meu xaile eu não desisto.
Dizes que sou de má fama
por ter um xaile encarnado,
mas ouve, que é de quem ama,
tê-lo no peito traçado.
São as mulheres que te falam
alcoviteiras, catatuas,
essas gaiteiras que badalam
as bandalhonas lá da rua.
E agora estas despachado!
Eu vou ao fado p'ra cantar
levo o meu xaile encarnado,
ficas sozinho a penar …
Ricardo Maria Louro
em Évora
Do Repertório de Patrícia Leal.
Ricardo Maria Louro